A alergia a medicamentos ou remédios é uma reação adversa no sistema imunitário contra um fármaco que o organismo humano passa a considerar prejudicial, quando na realidade não deveria ser. Esta situação é inesperada, imprevisível e independente dos efeitos farmacológicos próprios do medicamento em questão. No entanto, boa parte dessas reações anormais não são alérgicas, tendo em vista que, muitas pessoas tomam uma quantidade de medicamento inadequada para o seu tamanho, o seu peso, a sua idade, entre outas questões.

Nos casos de reações adversas conhecidas como previsíveis; a maioria delas depende da dose. Algumas podem ser graves com vómitos e queda de cabelo provocados pela quimioterapia, outras potencialmente graves como uma descida brusca nos níveis sanguíneos de açúcar após o uso de insulina ou a osteoporose provocada pelo uso prolongado de corticoides, ou também podem ser mais benignas como a sonolência provocada por alguns anti-histamínicos.


Existem ainda situações em que uns medicamentos interferem na atividade de outros que estão sendo administrados ao mesmo tempo, produzindo interações medicamentosas. Outros exemplos de reações adversas imprevisíveis a medicamentos são aqueles que não têm relação nem com a dose nem com interações. Podem ser reações de idiossincrasia, reações de intolerância e também a alergia por medicamentos.

Alergia imediata


A médica Maria Inês Perelló explica que: "A alergia imediata acontece de minutos a seis horas depois da ingestão do medicamento e pode causar o inchaço das pálpebras e da boca, placas vermelhas na pele, vômitos, queda de pressão e fechamento da garganta. Classificamos esses sintomas como um quadro anafilático, que é quando a reação alérgica acontece em dois órgãos e pode acometer a glote, dificultando a respiração. Esse último sintoma em geral se manifesta na primeira hora depois de tomar o remédio."

Alergia não imediata / tardia


- Ocorrem em qualquer período após 1 hora da toma inicial do medicamento, mesmo vários dias depois de ter iniciado;

- Sintomas comuns envolvem a pele e incluem exantema maculopapular e urticária retardada, ou mais grave, o aparecimento de bolhas. Os órgãos internos podem ser afetados isoladamente ou junto com sintomas cutâneos e incluem hepatite, insuficiência renal, pneumonite, alterações nas contagens das células do sangue;

- Está constantemente associado a um mecanismo de alergia tardio dependente de células.

Em qualquer um dos casos a duração da reação pode ser muito variável, desde horas até vários dias.

Segundo a médica, Maria Inês, a população como um todo está sujeita a desenvolver alergias a diferentes medicamentos. No entanto, o risco é maior para portadores do HIV que desenvolveram AIDS e alérgicos a outros remédios. Sobre os medicamentos que mais causam alergia, a especialista diz o seguinte: "As mais comuns são alergias a anti-inflamatórios e antibióticos. Sobre o último, elas se tornaram menos frequentes após passarem a exigir receita médica na hora da compra. Quanto aos anti-inflamatórios, as alergias podem ser a apenas um medicamento, como a dipirona, ou ao grupo deles."

Principais alergias aos medicamentos


A reação alérgica a medicamentos pode ser de vários tipos, envolvendo mecanismos "IgE-mediados" ou "não-IgE-mediados", com apresentações diferentes, sendo:

Reações alérgicas a medicamentos IgE mediadas


- Resultam da produção de anticorpos de tipo IgE contra o medicamento; geralmente existe uma sensibilização por contato prévio e quando ocorre uma nova exposição ativam-se várias células imunitárias que levam a uma libertação explosiva de mediadores;

- São reações imediatas, os sintomas surgem nas primeiras horas após a ingestão do medicamento;

- Podem ser muito graves e capazes de pôr a vida em risco em poucos minutos.

Reações alérgicas a medicamentos não-IgE mediadas


- Estão envolvidos outros intervenientes do sistema imunitário que reagem contra os medicamentos;

- Geralmente são reações tardias, até vários dias depois de estar a tomar o medicamento, o que torna o diagnóstico mais difícil;

- Podem ser mais ligeiras, mas também existem situações muito graves.

Os principais medicamentos que causam alergia são os antibióticos betalactâmicos, portanto derivados da penicilina como por exemplo, a amoxicilina. Outra alergia a medicamentos mais comuns inclui os anti-inflamatórios (AINES), como é o caso do ibuprofeno.

Riscos na alergia medicamentosa


A alergia medicamentosa não costuma ser considerada uma doença perigosa, mas na verdade pode ser fatal. Até porque a apresentação clínica da alergia a medicamentos pode ir de ligeira a muito grave.

Por exemplo, a alergia a medicamentos é umas das principais causas de anafilaxia em adultos. Outras situações graves incluem as doenças bolhosas como o necrólise epidérmica tóxica, Síndrome de Stevens-Johnson, vasculite, envolvimento de órgãos internos incluindo hepatite, insuficiência renal, pneumonite, anemia, neutropenia e trombocitopenia.

A alergia aos medicamentos tem cura?


O nosso organismo "não se esquece" da alergia aos medicamentos e esta não desaparece nem passa ao longo da vida. Portanto, em situações de alergia a medicamentos, o recomendado é evitar permanentemente o medicamento implicado e os medicamentos com reatividade cruzada. Por isso, é importante saber qual medicamento lhe causa alergia. O médico Alergologista também pode ajudar a encontrar medicamentos alternativos seguros.

Em alguns pacientes com diagnóstico de alergia a medicamentos em que não existam alternativas seguras e igualmente eficazes, é possível proceder a dessensibilização, permitindo assim a administração segura do medicamento necessário, sem reações adversas. Este procedimento tem sido utilizado com sucesso em reações imediatas, com diferentes mecanismos, mas não é uma cura, a tolerância é apenas temporária.

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Fonte: Saúde Bemestar e O Globo

Imagem: 123RF