Um passo importante para o desenvolvimento de uma vacina contra o zika vírus foi dado nos laboratórios do Instituto de Bioquímica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Pesquisadores anunciaram terem conseguido inativar o vírus em células e em camundongos normais.

O programa foi apresentado à comunidade científica no estudo "Resultados e Avanços da Rede de Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado do Rio de Janeiro". Ainda em fase inicial, a ação integra seis redes apoiadas pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). "Avaliamos os resultados alcançados no primeiro ano de trabalho", destacou o diretor Científico da Faperj, Jerson Lima Silva.

Os pesquisadores do IBqM/UFRJ descobriram que, por meio da pressão hidrostática, a estrutura do vírus pode ser modificada. Geralmente, o vírus causa infecção quando em contato com uma célula hospedeira modelo. Mas, depois de submetido a um sistema de alta pressão, se mostrou completamente inativo e, portanto, incapaz de infectar as células.

Por meio dessa técnica, apesar da estrutura do vírus ser alterada - o que impede a infecção - a pessoa não perde a capacidade imunogênica. Ou seja, os camundongos vacinados com essas partículas inativadas produzem anticorpos contra ele, e portanto, não morrem quando em contato com o vírus infeccioso.

Um dos diferenciais das técnicas empregadas no programa do zika vírus é a demanda de investimentos. "Importante destacar que a técnica de inativar o vírus por pressão é uma estratégia de baixo custo", explica Fernando Bozza, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

A Rede Zika também tem pesquisas que preveem o controle do mosquito Aedes aegypti. É o caso do estudo que indica a modificação genética dos mosquitos para alterar o comportamento do inseto.

Inibidores

"O mosquito não precisa picar seres humanos. Ele pode ser modificado para que mantenha a dieta vegetal", explica o pesquisador Richard Ian Samuels, do Laboratório de Entomologia e Fitopatologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense (Uenf).

A pesquisa aponta que, depois de passar pela fase de larva e pupa, o aedes chega à vida adulta faminto, à procura de substâncias doces e açucaradas. Por dois ou três dias, ele se nutre da seiva e do néctar das plantas e, somente após esse período, as fêmeas passam a procurar sangue. De acordo com o estudo, inibidores de desenvolvimento poderiam impedir a necessidade do inseto de buscar sangue.

Rede científica Criado em fevereiro deste ano depois da epidemia do verão passado, o programa Pesquisa em Zika, Chikungunya e Dengue no Estado apoia seis redes de pesquisa em arboviroses. Fazem parte do trabalho 325 pesquisadores.

Além da UFRJ e Uenf, o trabalho envolve profissionais da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UniRio), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal Fluminense (UFF), Instituto Severino Sombra e Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino. O investimento total é de R$ 12 milhões, aplicados durante dois anos.

Fonte: DCI

Autor: Mariana Yole

Fonte: Conselho Federal de Farmácia

Fonte da imagem: Portal G1