Idosos com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) que começam a ingerir opioides têm risco mais de duas vezes maior de morrer por complicações respiratórias, quando comparado àqueles que não se tratam com esses medicamentos, descobriram pesquisadores do Hospital de St. Michael, no Canadá. O estudo, publicado no Jornal Respiratório Europeu, aumenta as preocupações sobre a segurança com a utilização dessas drogas por adultos com o problema respiratório, disse Nicholas Vozoris, pneumologista e principal autor do trabalho. De acordo com ele, no caso dos opioides mais potentes, o risco de morte é cinco vezes mais alto.
A DPOC afeta de 4% a 10% da população, com taxa de mortalidade, após cinco anos de diagnóstico, variando entre 40% e 70%, dependendo da severidade do quadro. Metade dos que apresentam a forma grave da doença morre após dois anos. Para o estudo, os pesquisadores investigaram dados de mais de 130 mil idosos de Ontário com mais de 66 anos e a enfermidade. "Pesquisas anteriores mostraram que cerca de três quartos dos adultos com DPOC receberam receita de opioide, o que é uma taxa extremamente alta em uma população potencialmente mais sensível aos narcóticos", critica Vozoris. "Nosso trabalho mostra que não apenas há um risco aumentado de morte associada ao novo uso de opioide, mas também um risco elevado de visitas a pronto-socorros, hospitalizações e de necessidade de antibióticos ou pílulas esteroides."
Entre abril de 2007 e março de 2012, 68% dos idosos da pesquisa receberam receita de opioide, como codeína, oxicodina e morfina. Esses remédios geralmente são prescritos para ajudar a tratar dor muscular e óssea crônica, tosse persistente e falta de ar, apesar da terapia inalatória. "Trata-se de uma população com sintomas que, às vezes, podem ser difíceis de lidar", reconhece Vozoris. "Essa classe de remédio pode oferecer algum alívio. Contudo, há também evidências sugerindo que os opioides podem afetar de forma negativa o fôlego e a saúde pulmonar das pessoas que já têm os pulmões cronicamente comprometidos."
Para reduzir os riscos de eventos adversos nessa população, costuma-se prescrever opioides menos potentes ou em doses mais baixas. Contudo, Vozoris descobriu um aumento significativo no risco de complicações de morte, independentemente da dosagem. O médico afirma que espera que os clínicos considerem o resultado do estudo ao prescrever opioides aos pacientes com DPOC. "Às vezes, as pessoas procuram uma solução rápida para a dor crônica ou para problemas com o fôlego e os médicos podem acreditar que os opioides oferecem a elas algum alívio. É preciso explicar que há riscos e fazê-las compreender que aliviar os sintomas pode ter um alto custo para a saúde."
Fonte: Correio Braziliense
Fonte: Conselho Federal de Farmácia
Fonte da imagem: Portal Ternura Fm 99,3