A primeira vacina contra dengue já aprovada no Brasil poderá chegar às clínicas privadas com preço de até R$400 a dose. O produto prevê três doses para obter máxima efetividade.
A estimativa inicial de preço máximo foi calculada pela Cmed (Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos) —órgão interministerial responsável pela determinação dos preços de remédios no país—após análise de dados enviados pela Sanofi Pasteur, empresa que produz a vacina. O valor final será divulgado em até 60 dias.
O primeiro resultado das análises foi informado pelo presidente da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), Jarbas Barbosa, durante encontro com gestores de saúde.
"Todo primeiro produto é mais difícil, porque há dificuldade de estabelecer precificação. Exigimos metodologia de custo-efetividade. Esse trabalho está sendo concluído. Provavelmente o parâmetro é preço similar ao da vacina contra HPV, em torno de R$ 400 a dose", afirmou no encontro.
Fabricante e varejo, no entanto, podem negociar preços menores, lembra. "De HPV, o preço-teto é de R$400 na rede privada, o valor cobrado por dose fica em torno de R$380, mas é vendida ao SUS por um preço muito menor. Normalmente o preço-teto é utilizado quando o produto vai para o setor privado e não tem concorrência", diz Barbosa, que ressaltou que o custo inicial deve passar por nova análise.
A vacina da Sanofi é a única já aprovada no país. Há outras três em estudo—duas em fase final de pesquisas. Sugerido inicialmente para a rede privada, o valor reduz as chances de a vacina ser incorporada no SUS. A avaliação entre membros do governo é que o preço não compensaria o resultado do produto, cujos índices de eficácia são considerados baixos —a média é de 66% entre os quatro tipos de vírus da dengue.
"Fica praticamente impossível incorporá-la no Programa Nacional de Imunização", diz o ministro interino da Saúde, Agenor Álvares. "Para o governo, o valor informado foi de 22 euros a dose (cerca de R$ 88). Mesmo nesse preço, o impacto é de R$ 10,5 bilhões ao ano, três vezes o orçamento do programa."
IMPASSE
Outro impasse é que a vacina só é indicada para pessoas entre 9 e 45 anos, o que exclui crianças e idosos, considerados mais vulneráveis a complicações e mortes. Neste ano, o Brasil já soma 996 mil casos de dengue, segundo dados do Ministério da Saúde obtidos pela Folha. Em 2015, o país registrou recorde da doença, com mais de 1,6 milhão de casos.
Em nota, a Sanofi Pasteur informa que aguarda a definição do valor pela Cmed para comentar. Ainda segundo a empresa, estudos clínicos apontam que a vacina é capaz de evitar 8 em cada 10 internações por dengue.O produto também reduziu em 93% os casos graves em pessoas acima de nove anos, diz.
Outros três institutos e empresas pesquisam vacinas antidengue: Butantan, Takeda e Bio-manguinhos/Fiocruz (em parceria com a GSK). O mais adiantado é o Butantan.
Em dezembro, o instituto obteve aval para iniciar a terceira e última etapa de testes em humanos. O instituto prevê que a vacina, desenvolvida para ser aplicada em apenas uma dose, esteja disponível para uso até 2018.
Fonte: Conselho Federal de Farmácia