O nome de um medicamento é uma questão quase irrelevante em comparação com sua formulação e eficácia. Mas muitos fatores estão em jogo na escolha das denominações: prescrições incorretas são responsáveis pela maioria dos erros médicos. O processo de atribuição de nomes de medicamentos é um trabalho gradual; quando os medicamentos distanciam-se de suas aplicações espirituais e religiosas iniciais, é evidente que é preciso tratá-los com o maior rigor, tanto em sua preparação quanto na catalogação.
A elaboração do catálogo oficial de fórmulas e descrição de medicamentos conhecidos é, em primeira instância, uma tarefa realizada no âmbito do governo local, em seguida nacional e, agora, por um trabalho transnacional coordenado. Então, como é o processo de atribuição de nomes aos medicamentos?
Um medicamento, em sua vida útil, tem diversas denominações. A primeira é dada pelas empresas farmacêuticas em geral com uma designação codificada de uso interno. Mas como essa designação não tem significado para um químico, o medicamento recebe também um nome formal referente à sua composição química, segundo as normas estabelecidas pela União Internacional de Química Pura e Aplicada (IUPAC). No entanto, nenhum dos dois nomes preenche os requisitos comerciais e médicos. Um medicamento precisa ter uma denominação de consenso, para que os médicos e os farmacêuticos possam usá-la com facilidade.
O nome genérico tem como objetivo dar alguma indicação quanto à aplicação e ao efeito do medicamento. Existe uma lista abrangente de sufixos e infixos que indicam os seguintes tipos de medicamentos: denominações genéricas que terminam em -vir, por exemplo, indicam medicamentos antivirais. As que terminam em -mab designam anticorpos monoclonais; e o sufixo -onide refere-se a um esteroide de uso tópico.
As empresas farmacêuticas escolhem um nome que segue essas convenções e o submetem à aprovação do órgão normativo de seus países e à Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, essas entidades trabalham em conjunto para criar uma coerência entre as denominações, com o objetivo de evitar que o mesmo medicamento tenha vários nomes genéricos. Os órgãos normativos também excluem a possibilidade de o nome sugerido ser confundido facilmente com a pronúncia ou a grafia de algum medicamento existente.
Quando a patente de um medicamento expira ele mantém a denominação genérica aprovada pelos órgãos normativos. Porém, em seguida, ele é comercializado sob outro nome criado pelo dono da patente. Esse nome comercial pode indicar alguns componentes químicos usados em sua formulação, mas em geral são denominações influenciadas pelo fator psicológico e de estratégia de marketing. Nomes comerciais como Viagra indicam com sutileza seus efeitos, mas sem muita ênfase.
Fonte: Farmacêutica Curiosa