O governo brasileiro firmou nesta quinta-feira (11) um acordo com os Estados Unidos para a produção da vacina contra o vírus da zika e disse que ela deve ser desenvolvida em ritmo mais rápido do que se esperava.

Segundo o ministro da Saúde, Marcelo Castro, a previsão é que a vacina esteja pronta para ser testada em humanos em até um ano, prazo menor do que o anunciado anteriormente, quando a expectativa era de até dois anos. Já o prazo previsto para que a vacina seja finalizada e chegue ao mercado é de até três anos. "Há um grande otimismo de que podemos desenvolver num tempo menor do que estava previsto", disse Castro.

O ministério confirmou nesta quinta-feira a terceira morte relacionada ao vírus da zika (sem ser ligada a casos de microcefalia) no Brasil. A vítima —uma jovem de 20 anos do interior do Rio Grande do Norte—morreu em abril do ano passado.

Inicialmente, esse caso era investigado como morte suspeita por dengue. Depois de a doença ter sido descartada com os exames, técnicos decidiram verificar a possível ligação com uma infecção pela zika —e as análises apontaram a presença do vírus nas vísceras da paciente.

A jovem havia sido internada em 11 de abril, após um quadro de tosse com sangramento.Segundo informações do SVO (Serviço de Verificação de Óbitos) do RN, ela tinha um quadro de pneumonia e infecção generalizada. Uma das hipóteses é que a infecção pelo vírus da zika possa ter agravado a condição clínica da paciente.

A primeira morte confirmada foi de um homem do Maranhão que também tinha outras doenças associadas, como lúpus, e fazia uso crônico de medicamentos corticoides. O segundo caso foi de uma garota de 16 anos do Pará que morreu em outubro de 2015.

Pesquisas

O governo brasileiro deverá liberar US$ 1,9 milhão para a realização das pesquisas para a vacina contra a zika pelo acordo assinado com a Universidade do Texas. As análises serão em parceria entre pesquisadores da universidade americana,que mantém um centro de pesquisas de arboviroses,e do Instituto Evandro Chagas,do Pará, que é ligado ao ministério.

Segundo o pesquisador Pedro Vasconcelos, do Instituto Evandro Chagas, o prazo previsto inicialmente foi reduzido pela possibilidade de usar técnicas mais modernas para a produção da imunização.

Para acelerar as pesquisas, membros da equipe da Universidade do Texas farão estudos pré-clínicos —que antecedem o desenvolvimento da vacina— em camundongos. Ao mesmo tempo, técnicos brasileiros do Instituto Evandro Chagas farão a pesquisa em macacos.Em seguida, a vacina passa para estudos clínicos, em que são feitos testes em humanos.

O produto será feito a partir do sequenciamento do genoma do vírus da zika, com a seleção da parte responsável pelo desenvolvimento de anticorpos —que ativam a proteção contra o vírus.A técnica é semelhante à utilizada na vacina contra o ebola —também feita em curto prazo nos últimos anos.

Em outra frente para estimular as pesquisas sobre o vírus da zika, o ministro anunciou a vinda ao Brasil de 15 técnicos do CDC (Centro de Controle de Doenças),dos Estados Unidos, que devem estudar a relação do vírus da zika com o aumento de casos de microcefalia em bebês.

Fonte: Conselho Federal de Farmácia