Medicamentos bastante usados para tratar a azia podem aumentar o risco de ataque cardíaco, sugere pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, divulgada na revista Plos One. O estudo, que esmiuçou registros eletrônicos de saúde de quase 3 milhões de pessoas e processou trilhões de dados médicos, levanta números que devem ser levados a sério, advertem os autores, especialmente porque os remédios analisados – chamados inibidores de bomba de prótons (IBPs) – são facilmente encontrados nas farmácias.

A ingestão dessas substâncias, como o Omeprazol e o Lansoprazol, está associada ao aumento de 20% na taxa de risco para ataque cardíaco em adultos com todos os perfis. A tendência foi mais observada em usuários saudáveis que tinham menos de 45 anos. "Essas drogas podem não ser tão seguras quanto pensávamos", alerta Nicholas Leeper, autor sênior do estudo e professor assistente de cirurgia na Universidade de Stanford.

Os IBPs movimentam anualmente US$ 14 bilhões em vendas. Mais de 100 milhões de prescrições desses medicamentos são preenchidas anualmente nos Estados Unidos, visto que são considerados benignos. Só não são recomendados a pessoas que utilizam o Clopidogrel, droga indicada para prevenir a trombose arterial. A pesquisa também indicou que outra classe de medicamentos normalmente prescritos para a azia, os H2, não causa a mesma associação. Essas drogas estão no mercado há mais tempo e são razoavelmente eficazes, mas ficam atrás dos IBPs nas prescrições.

Cautela

Para validar ainda mais a associação, os cientistas analisaram um estudo em curso prospectivo, longitudinal de 1.500 pacientes com dor no peito, falta de ar ou resultados anormais em testes de esforço conduzidos em Stanford, em colaboração com o Monte Sinai Medical Center, em Nova York. Os voluntários foram questionados sobre a ingestão de IBPs e os cientistas buscaram quadros de ataque cardíacos, parada cardíaca e acidente vascular cerebral. Descobriram que, na população estudada, os remédios para a azia mais do que dobraram o risco de esses pacientes sofrerem um grande evento cardiovascular adverso subsequente.

As conclusões do estudo dão suporte a uma explicação sugerida em 2013 por John Cooke, então professor de medicina cardiovascular em Stanford: é possível que os IBPs impeçam a produção de uma substância importante, o óxido nítrico, nas células que revestem os vasos sanguíneos. Apesar da consistência dos resultados, os autores não recomendam que os pacientes cessem o uso dos medicamentos, pois, segundo eles, mais testes são necessários para validar as conclusões. Mesmo assim, acreditam que os resultados oferecem um recurso a mais para ajudar médicos e pacientes a decidirem se farão ou não uso desses medicamentos, que, não raramente, são consumidos por tempo superior ao recomendado na bula.

Fonte: Centro de Informação Farmacêutica