Um estudo realizado pelo Grupo Interdepartamental de Economia da Saúde (Grides) da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), em parceria com a empresa Foco Opinião, avaliou a percepção da população brasileira em relação aos medicamentos genéricos. De acordo com a pesquisa, 58,8% dos entrevistados consideraram os genéricos medicamentos de efetividade equivalente ao seu respectivo medicamento de referência.
Apesar da percepção positiva encontrada pelo grupo, quase um terço da população (30,4%) disse acreditar que os genéricos são medicamentos menos efetivos. Foi observado também que a maior utilização de medicamentos de genéricos nos últimos três meses ocorreu entre as mulheres (49,2%) e na população acima de 65 anos (61,1%).
Além disso, 59,2% disseram que prefeririam tomar o medicamento de referência num cenário em que os preços fossem parecidos e 41% relataram que os genéricos são mais apropriados para doenças menos graves. "Esses resultados sugerem uma subutilização do medicamento ou um aumento da desconfiança na utilização desses medicamentos no caso de uma doença mais grave", explica a farmacêutica Elene Paltrinieri Nardi, estudante de mestrado da Unifesp e uma das autoras do estudo.
Diferentemente do que era esperado, a população de menor renda expressou uma maior desconfiança em relação aos genéricos, sendo que 32,4% da população que recebia até dois salários mínimos mensais acreditaram que os genéricos são medicamentos menos efetivos, enquanto que 24,3% da população que recebia mais de 10 salários mínimos concordaram com a mesma afirmação. Além do grupo de menor renda, pessoas com idade mais avançada também apresentaram uma percepção mais negativa em relação aos genéricos quando comparadas com pessoas mais jovens.
"As visões mais negativas em relação aos genéricos, observadas em pessoas de menor renda e mais idosas, levantam preocupações, pois esses grupos da população possuem uma maior necessidade de aquisição de medicamentos que tenham custos reduzidos, seja por uma restrição orçamentária ou pela concomitância de doenças crônicas e consequentemente utilização de um maior número de medicamentos", conclui a pesquisadora.
O trabalho contou com a participação de 5 mil pessoas de 15 a 99 anos, em 16 capitais brasileiras, das cinco regiões do Brasil, e foi publicado na revista BMC Public Health.
Fonte: Blog UOL