Pesquisadores americanos estão desenvolvendo uma maneira de criar vacinas sob medida para cada paciente de câncer. A técnica pioneira foi projetada para atacar cada tumor individualmente e se anuncia como uma abordagem completamente nova para o tratamento do câncer.
O tratamento convencional de combate ao câncer geralmente envolve a extração do tumor com uma cirurgia seguida de quimioterapia ou radioterapia, mas essa nova abordagem visa a estimular o sistema imunológico do próprio organismo do paciente para que ele possa combater as células cancerosas usando os linfócitos T (ou células T) naturais do corpo, que pertencem a um grupo de glóbulos brancos do sangue e são responsáveis por "assassinar" as células invasoras.
Testes feitos em três pessoas, cujos resultados foram publicados na revista Science, mostraram que o sistema imunológico pode ser treinado para lutar contra o câncer de pele. Apesar de a pesquisa ainda estar em estágio inicial, a equipe da Universidade de Washington, em Saint Louis, nos EUA, acredita que os primeiros resultados marcam um "passo significativo" na evolução das vacinas personalizadas contra o câncer. As vacinas estão sendo desenhadas para para instigar os linfócitos T do sistema imunológico a reconhecer e destruir as células cancerígenas.
As substâncias são compostas após os cientistas estudarem os tipos de proteínas presentes nas células tumorais de cada paciente. Tumores são uma desordem genética com centenas de mutações aleatórias, que são diferentes em cada paciente. Vacinas personalizadas foram aplicadas em três pacientes com melanoma avançado, a fim de estudar o número e a diversidade de linfócitos T "assassinos" produzidos por seus sistemas imunológicos.
Os cientistas descobriram que, em cada paciente, houve uma forte produção de células T produzidas para combater especificamente o melanoma de cada paciente, mas sem causar efeitos colaterais. Um dos pacientes testados ainda está em remissão completa, enquanto os outros dois estão estáveis, embora ainda seja muito cedo para afirmar que as vacinas causaram a melhora geral nos sintomas.
Os médicos responsáveis pelo estudo disseram que os três pacientes estão bem. O melanoma tem a tendência de crescer e se espalhar muito rapidamente, o que ainda não aconteceu nesses casos, mas os oncologistas foram muito cautelosos ao dizer que os quadros ainda estão sob observação e que ainda não se sabe se os tumores vão evoluir.
Esta foi a primeira vez que os cientistas sequenciaram o DNA completo do tumor de um paciente e utilizaram a informação para identificar sete proteínas nas células cancerosas que são únicas para cada paciente. As proteínas foram, em seguida, utilizadas para gerar vacinas personalizadas para combater as células tumorais de cada paciente.
Os pesquisadores esperam começar a primeira fase de testes clínicos dentro do próximo ano. Espera-se que as vacinas exclusivas contra o melanoma também possam ser desenvolvidas contra outros tipos de tumores, como os de pulmão, bexiga e colorretal, que têm altas taxas de mutação.
Fonte: O Globo