Um estudo mostrou uma ligação entre medicamentos tradicionalmente usados para insônia e alergia com o desenvolvimento de demência e Alzheimer. Todos os medicamentos são anticolinérgicos, ou seja, atuam na inibição da acetilcolina, neurotransmissor responsável pela memória e pelo aprendizado.
O estudo mostrou que pessoas que tomam, pelo menos: 10 mg /dia de doxepina (presente em medicamentos majoritariamente antidepressivos como o Aponal, Adapine, Adapin, Doxal, Deptran, Sinquan e Sinequan), 4 mg/dia de difenidramina (utilizado em remédios como a Difenidrin, Benadryl e Benalet) ou 5 mg/dia de oxibutinina (proeminente em drogas que combatem a incontinência urinária como Ditropan, Lyrinel XL, Retemic) por mais de três anos, possuem risco maior de desenvolver demência.
A assessoria da empresa Johnson & Johnson informou, por meio de nota, que o Benalet "é um medicamento com segurança e eficácia comprovadas". Acrescentou, ainda, que "sempre orienta que os consumidores sigam as diretrizes da bula dos medicamentos, mesmo os isentos de prescrição médica". Por fim, ressalta que a publicação conclui que "estudos adicionais são necessários para confirmar os achados apontados.
Especialistas afirmam que não se deve parar de tomar os medicamentos ou entrar em pânico. O estudo americano, publicado na revista JAMA Internal Medicine, aponta que é o uso de doses elevadas e de forma prolongada que fazem com que a demência surja entre idosos. A indicação é oferecer tratamentos diferenciados no lugar das drogas e, caso não seja possível, reduzir a dosagem.
Os pesquisadores somente investigaram pessoas mais velhas e viram o risco aumentado quando estas tomavam os medicamentos todos os dias e há mais de três anos. Os cientistas da Universidade de Washington acompanharam a saúde de 3.434 pessoas com 65 anos ou mais que não tinham sinais de demência no início do estudo.
Foram checados os registros médicos para determinar quantas pessoas utilizavam drogas com efeitos anticolinérgico, quais eram as doses e a periodicidade. Depois, foram cruzados o uso dos remédios com o desenvolvimento da doença. Para aqueles que consumiam altas doses das drogas, o percentual de risco de demência crescia em 54%. Enquanto que para a doença de Alzheimer era de 63%. Ao longo do estudo, 637 desenvolveram a doença de Alzheimer e 160 foram atingidos por outras formas de demência.
Estes medicamentos são usados, geralmente, para depressão, anti-histamínicos para alergias, febre, para promover sonolência e para tratar incontinência urinária. Quase um quinto das drogas são compradas no balcão de farmácias americanas.
As bulas destes remédios alertam à possibilidade de reduzir problemas de atenção e memória.
Fonte: O Globo