O adesivo anticoncepcional é uma forma de contracepção hormonal semelhante à pílula anticoncepcional, porém mais cômoda por ser feita através de adesivos transdérmicos que precisam ser aplicados à pele apenas 1 vez por semana. O mecanismo de ação do adesivo é igual ao da pílula, com a vantagem de não ser necessário tomar comprimidos diariamente.
O que é o adesivo anticoncepcional?
O adesivo contraceptivo, também conhecido como patch contraceptivo, é um método anticoncepcional baseado na administração dos hormônios estrogênio e progesterona através de um adesivo que precisa ser aplicado à pele. O adesivo anticoncepcional é basicamente a pílula anticoncepcional com administração transdérmica sob a forma de adesivo para a pele.
Exceto pela via de administração dos hormônios, o adesivo e a pílula são métodos quase idênticos, com taxa de eficácia, mecanismo de ação, efeitos colaterais e contraindicações semelhantes.
O adesivo contraceptivo encontra-se no mercado desde 2002 e é vendido sob o nome comercial Evra.
O Evra é um adesivo com uma área de superfície de 20 cm² (4,5 cm x 4,5 cm), que foi desenvolvido para proporcionar a liberação de norelgestromina (progesterona) e de etinilestradiol (estrogênio) de forma contínua na corrente sanguínea. Cada adesivo de Evra contém 6 mg de norelgestromina e 0,6 mg de etinilestradiol.
O adesivo anticoncepcional é composto por três camadas: a camada exterior, que é resistente à água e protege as camadas subjacentes, a camada do meio, que é a parte que contém a medicação e o adesivo em si e a camada interna, que é basicamente é um revestimento protetor que deve ser destacado antes da aplicação do adesivo na pele.
Como usar o adesivo contraceptivo?
O adesivo deve ser aplicado à pele, preferencialmente no primeiro dia do ciclo menstrual, ou seja, no primeiro dia da menstruação. O dia da semana deve ser memorizado, pois a cada sete dias, o adesivo deve ser retirado e substituído por um novo.
Para facilitar a memorização do dia, alguns médicos sugerem o início do tratamento no primeiro Domingo após o início do ciclo menstrual. O único porém nesta forma é que, se o primeiro Domingo cair depois do 5ª dia de menstruação, o efeito contraceptivo do adesivo só será pleno após o 7ª dia de uso do método. Portanto, nos primeiros 7 dias de uso, será necessário o uso de outro método contraceptivo complementar caso a mulher tenha relações. Quando o adesivo é colocado no primeiro dia da menstruação, a sua eficácia contraceptiva é imediata.
O adesivo pode ser aplicado em diversas áreas do seu corpo, contanto que a pele esteja limpa, seca e não haja muitos pelos. Em geral, os locais mais utilizados são a face externa do braço, abdômen, coxa, nádegas ou tronco. As mamas devem ser evitadas, pois a absorção local de estrogênio pode causar mastalgia (dor mamária). O patch pode ser usado durante o exercício, banho, natação, sauna ou mesmo na praia. A adesão não é afetada pelo calor, umidade, ou exercício. A capacidade de aderência do adesivo é muito grande e ele não costuma sair espontaneamente.
Uma vez aplicado o adesivo anticoncepcional, o mesmo deve ser substituído por um novo após 1 semana. Esse processo se repete por 3 semanas. Na 4ª semana, a mulher faz uma pausa, ficando 1 semana inteira sem adesivo (Ciclo = 21 dias de uso + 7 dias de pausa). Geralmente, é nessa semana de pausa que a menstruação desce, porém, nem todas as mulheres menstruam durante este período. Após 7 dias de pausa, um novo adesivo deve ser colocado, iniciando-se um novo ciclo, mesmo que menstruação ainda esteja presente.
A proteção contra gravidez é contínua, não desaparecendo durante os 7 dias de pausa.
Problemas na aplicação do adesivo anticoncepcional
O adesivo anticoncepcional deve ser utilizado exatamente como foi explicado acima. Qualquer problema com a sua aplicação pode provocar falhas no seu efeito contraceptivo.
Atraso no reinício do ciclo
Quando por esquecimento um novo ciclo do adesivo não é iniciado no dia correto, as usuários são instruídas a aplicar um novo patch assim que se lembrarem. Esse dia da semana passa a ser o novo dia para as trocas. Quando ocorre um atraso no reinício do ciclo, é preciso utilizar nos primeiros 7 dias um método contraceptivo alternativo, como a camisinha, caso haja relação sexual.
Atraso no início do segundo ou do terceiro adesivo do ciclo
O correto é trocar o adesivo anticoncepcional a cada 7 dias. Porém, o adesivo ainda é capaz de liberar quantidades satisfatórias de hormônios até o 9º dia de uso. Portanto, há uma janela de 48 horas em que a troca pode ser atrasada sem compromisso do efeito contraceptivo. O dia original de mudança do adesivo se mantém.
Se o atraso for maior que 48 horas, o novo adesivo deve ser aplicado assim que possível, mas o uso de um método contraceptivo alternativo será necessário nos próximos 7 dias. O dia em que a paciente se lembrar de aplicar o patch se tornará o novo dia de mudança.
Atraso na remoção do adesivo antes da pausa
Esquecer-se de remover o terceiro patch a tempo é menos grave que esquecer de remover o primeiro ou segundo adesivos do ciclo. Neste caso, a usuária deve remover o patch assim que se lembrar, não havendo necessidade de alterar o dia do reinício do ciclo (a pausa será mais curta desta forma).
Descolamento do adesivo
O descolamento parcial ou total do adesivo é raro, ocorrendo em menos de 3% dos casos. Em geral, os melhores locais para se aplicar o adesivo são aqueles mais visíveis, para que a mulher possa detectar descolamentos de forma rápida.
Se o adesivo tiver se soltado, totalmente ou parcialmente, por menos de 24 horas, ele pode ser recolocado no mesmo local, contando que a cola ainda esteja funcionado.
Se o adesivo não se fixar totalmente à pele, um novo adesivo deve ser utilizado. Como o intervalo foi menor que 24 horas, o dia da próxima troca continua a ser o mesmo. Nunca deve-se utilizar esparadrapos ou qualquer outro tipo de fita adesiva comum para tentar segurar um adesivo anticoncepcional que não está se fixando à pele. Se o adesivo contraceptivo perdeu a capacidade de grudar na pele, ele também perdeu a capacidade de ser um contraceptivo.
Caso o adesivo tenha se descolado, parcialmente ou totalmente, da pele há mais de 24 horas, um novo adesivo deve ser utilizado, e o uso de um método contraceptivo alternativo será necessário nos próximos 7 dias. O dia da semana no qual o novo adesivo é aplicado passa a ser o novo dia de troca.
Eficácia do adesivo anticoncepcional
O adesivo anticoncepcional é um método contraceptivo extremamente eficaz, com taxas de sucesso semelhantes às da pílula anticoncepcional. Se utilizado de forma correta, isto é, sem atrasos nas trocas e erros na aplicação à pele, a eficácia do método é de 99,7%.
Na prática, porém, muitas mulheres acabam esquecendo a data da troca do adesivo, fato que compromete a eficácia do método. Estudos mostram que a cada 100 mulheres que utilizam o adesivo durante um ano inteiro, 8 acabam engravidando (taxa de 92% de sucesso). As falhas ocorrem exatamente por erros na hora de trocar um adesivo por outro.
Estudos apontam que a eficácia do adesivo é mais baixa em mulheres obesas, principalmente naquelas que pesam mais de 90 quilos. Nesta população, outro método contraceptivo deve ser escolhido.
Como a absorção dos hormônios é feita pela pele, sem passar pelo trato gastrointestinal, a presença de diarreia ou vômitos em nada interfere na ação do adesivo.
Efeitos colaterais do adesivo anticoncepcional
Nos primeiros meses de uso, o efeito colateral mais comum do adesivo contraceptivo é a alteração no padrão da menstruação, que pode ser desde aumento no volume menstrual a pequenos sangramentos fora de época ou ausência de menstruação em alguns ciclos. Em geral, os dois primeiros meses são os piores, havendo regularização do quadro após 6 meses na maioria das mulheres. Cerca de 18% das mulheres notam alguma perda de sangue inesperada nos primeiros meses de uso do patch, mas após 6 meses, menos de 5% ainda queixam-se deste problema.
Na verdade, após alguns ciclos, o que a maioria das mulheres nota é uma melhora do padrão menstrual, com regularização da menstruação, redução do volume de sangue perdido e menos sintomas pré-menstruais.
Outros efeitos colaterais comuns do adesivo são a mastalgia, dor de cabeça, reação alérgica no local do adesivo, náuseas e cólicas menstruais. Exceto pela dor mamária e pela irritação local na pele, que são mais comuns no adesivo, a frequência dos outros efeitos colaterais é semelhantes nas mulheres que tomam a pílula anticoncepcional.
Para diminuir a incidência de irritação na pele, sugere-se que a cada troca o novo adesivo seja colado em um local diferente da pele.
Assim como ocorre na pílula anticoncepcional, o adesivo contraceptivo não provoca ganho de peso. Um estudo com mais de 800 mulheres demonstrou que após 9 meses de uso do adesivo contraceptivo, o ganho de peso foi semelhante ao grupo controle de mulheres que não usavam o patch.
O adesivo contraceptivo também não costuma interferir na libido.
Riscos do adesivo anticoncepcional
Por ser a versão em adesivo da pilula anticoncepcional, o adesivo contraceptivo possui basicamente os mesmos riscos da pílula. Apesar de incomuns, os eventos trombóticos ou cardiovasculares, como infartos e AVC, são as complicações mais temidas do uso de anticoncepcionais hormonais.
Habitualmente, recomendamos que mulheres com fatores de risco para doenças cardiovasculares, tais como diabetes, obesidade, hipertensão, tabagismo, etc. , evitem o uso prolongado de métodos contraceptivos hormonais, incluindo a pílula e o adesivo anticoncepcional.
Nas mulheres jovens e sem fatores de risco, o risco de eventos trombóticos é bem baixo, sendo cerca de 10 casos a cada 10.000 mulheres (0,1%). No caso dos eventos cardiovasculares, o risco é ainda menor, sendo cerca de 2 casos a cada 10.000 mulheres (0,02%). Portanto, os métodos contraceptivos hormonais são bastante seguros se o seu uso for indicado de forma prudente.
Antibióticos cortam o efeito do adesivo anticoncepcional?
A imensa maioria dos antibióticos pode ser administrada nas mulheres que usam o adesivo contraceptivo sem nenhum risco. Assim como ocorre na pílula anticoncepcional, os antibióticos não provocam perda do efeito contraceptivo do patch. A única exceção é o antibiótico rifampicina (e o seu derivado rifabutina).
Portanto, exceto pela rifampicina, qualquer outro antibiótico pode ser administrado sem preocupações nas pacientes que usam o patch contraceptivo.
Fonte: MD.Saúde