O Instituto de Tecnologia em Fármacos (Farmanguinhos/Fiocruz) acaba de obter o registro de um medicamento inovador contra a tuberculose, o 4x1. Ele é chamado desta forma por reunir quatro princípios ativos em um único comprimido: rifampicina, isoniazida, pirazinamida e etambutol (respectivamente nas concentrações de 150 mg +75 mg +400 mg +275 mg).
O deferimento foi concedido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio da Resolução número 4.419/14. O medicamento permitirá melhor adesão e, consequentemente, a redução das taxas de abandono do tratamento. Para se ter uma ideia, somente em 2013 o Brasil registrou 71.123 novos casos da doença.
Essa formulação em dose fixa combinada é considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o jeito mais eficaz de combate à tuberculose. Este tipo de terapia reduz o número de comprimidos que devem ser tomados pelos pacientes diariamente, facilitando a adesão ao tratamento.
Os comprimidos do 4x1 devem ser ministrados em dose única diária, que depende do protocolo indicado para cada caso. Por ser longo (no mínimo seis meses), é grande o número de pacientes que abandonam o tratamento.
A fabricação do 4x1 por Farmanguinhos será possível graças a uma Parceria de Desenvolvimento Produtivo (PDP) com o laboratório indiano Lupin, celebrada em 2010.
Segundo Gisele Moreira, que gerencia o projeto na Coordenação de Desenvolvimento Tecnológico da unidade, ao longo de três anos, a partir da publicação do registro, o Instituto receberá gradualmente a tecnologia para a produção no Complexo Tecnológico de Medicamentos (CTM), em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio de Janeiro.
"De acordo com o cronograma, a produção em Farmanguinhos está prevista para começar em 2017", explicou. Durante esse período inicial, o laboratório indiano se compromete a abastecer o Sistema Único de Saúde (SUS) com o medicamento.
Além dos benefícios de relacionados à adesão ao tratamento, a nacionalização da tecnologia do 4x1 vai gerar uma economia aos cofres públicos. De acordo com o Ministério da Saúde, anualmente, o Brasil gasta cerca de R$ 11 milhões em ações contra a tuberculose.
Recentemente Farmanguinhos obteve também o registro de outro medicamento composto para o tratamento da tuberculose, o isoniazida + rifampicina. Com isto, a unidade amplia para quatro a linha de medicamentos para o tratamento da tuberculose, já que produz também a etionamida e a isoniazida.
Tuberculose
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível, causada pelo Mycobacterium tuberculosis, popularmente conhecido como bacilo de Koch.
Afeta, prioritariamente, os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e sistemas. A apresentação pulmonar, além de ser mais frequente, é também a mais relevante para a saúde pública, pois é a principal responsável pela transmissão da doença. Segundo o Ministério da Saúde, anualmente são notificados cerca de 6 milhões de novos casos de em todo o mundo, levando mais de um milhão de pessoas a óbito.
A tuberculose é curável em praticamente 100% das novas ocorrências. Para isso, é preciso que a pessoa seja sensível aos medicamentos e que sejam obedecidos os princípios básicos da terapia: associação medicamentosa adequada, doses corretas e uso por tempo suficiente.
Logo nas primeiras semanas de tratamento o paciente se sente melhor, mas precisa continuar com a terapia até o final, independentemente da melhora dos sintomas. O Ministério da Saúde alerta que tratamento irregular pode complicar a doença e resultar no desenvolvimento de cepas resistentes aos fármacos.
Dados do Ministério da Saúde indicam que o número de mortes por tuberculose no Brasil chegou a um total de 4.406 em 2012. A população mais vulnerável se concentra em moradores de rua, cujo risco de infecção é 44 vezes maior do que na população geral. Em seguida, estão as pessoas com HIV/Aids (risco 35 vezes maior), população carcerária (risco 28 vezes maior) e indígenas (risco três vezes maior).
Fonte: Fiocruz