Uma doméstica de 49 anos alega que recebeu da Farmácia do Povo de Mococa (SP) um remédio utilizado no tratamento de câncer de mama ao invés do necessário, para controlar seu colesterol. S. C. de M. só percebeu o erro depois de três meses, quando foi buscar novamente o medicamento e a atendente informou que os comprimidos dela ainda não haviam sido retirados. A mulher afirma que o uso dos medicamentos errados teve efeito em sua saúde.

Em nota, a assessoria de imprensa da Prefeitura informou na tarde desta quinta-feira (6) que o remédio fornecido é preventivo e não tem efeito colateral, apesar da bula do remédio indicar vários possíveis. Também ressaltou que o medicamento é fornecido para 30 dias, mas não explicou o motivo do erro.

Segundo S., há sete meses a médica mudou o remédio que ela toma porque o nível de colesterol estava muito alto. Por ser caro, o novo medicamento é oferecido pela Farmácia do Povo. Ela fez o pedido em junho e no dia 2 de julho o irmão dela foi buscar os remédios.

"Foi prescrito que eu tomasse dois comprimidos à noite, mas todos os dias, após tomá-los, comecei a passar mal, com muita dor no estômago e notei que meu cabelo estava caindo. Tenho câimbras e, às vezes, minha vista escurece", relatou S.Segundo ela, exames feitos no inicio do mês mostraram que a diabetes e o colesterol dela estavam altos. "Minha médica perguntou se eu estava tomando os remédios certos e disse que sim. Ainda não sabia que estava tomando o errado", afirmou.

Erro

O erro foi percebido no dia 9 de outubro, quando a filha de S. foi buscar mais remédios. "A atendente da farmácia informou que até então ninguém havia buscado meus medicamentos. Ao chegar em casa, minha filha questionou sobre o fato e estranhei, pois eu já estava tomando ele há 3 meses", contou.

Com dúvida, a doméstica procurou a farmácia e lá descobriu que o remédio que ela deveria tomar se chama Lipitor (Atorvastatina Cálcica). Contudo, S. estava tomando Taxofen (Tamoxifeno). O farmacêutico que cometeu o erro se desculpou e disse que não teria efeito colateral, lembrou ela. A doméstica afirma, no entanto, que seu estado de saúde só piora.

S. relata que desde então espera por uma consulta com sua médica. "Liguei lá e expliquei meu caso. Disseram para esperar porque eles vão me ligar, mas já faz 15 dias. Tem dia que não consigo ir trabalhar de tão mal que passo", lamentou.

A bula do remédio tomado por Silvana indica que é possível ter efeitos colaterais devido à ação antiestrogênica da droga como ondas de calor, sangramento vaginal, prurido vulvar e corrimento vaginal, e os efeitos colaterais gerais como erupção cutânea, intolerância gastrintestinal, tumour flare (exacerbação do quadro clínico no início do tratamento), tontura e retenção de fluidos.

Apesar disso, a Prefeitura informou, por meio da assessoria de imprensa, que o medicamento para câncer entregue para Silvana é preventivo e não tem efeitos colaterais. O motivo da entrega equivocada não foi explicado. Informou ainda que o medicamento é fornecido para 30 dias, mas não explicou porque o remédio foi entregue para a paciente utilizar por três meses. A nota também não comentou ou deu prazo para a consulta prometida à paciente.

Veja a íntegra da nota:

A Prefeitura Municipal de Mococa através do Departamento de Saúde confirma que a senhora Silvana Caetano de Moraes é paciente da Farmácia do Povo. Ressalta que o medicamento Taxofen não apresenta nenhum efeito colateral, sendo prescrito às mulheres que já foram vítimas do Câncer de Mama, evitando que eventuais células sejam desenvolvidas, portanto é um medicamento preventivo. O Departamento de Saúde destaca que a Farmácia do Povo fornece medicamento para 30 dias, anotando no verso da receita a quantidade retirada e o próximo retorno. Reitera que a senhora Silvana foi chamada algumas vezes para todos os esclarecimentos necessários, com atendimento humanizado e disponibilidade para qualquer eventualidade.

Fonte: Portal G1