O desenvolvimento de todo medicamento leva em conta as três fases pelas quais ele passa, dentro do organismo. A primeira delas é a absorção, a segunda, a metabolização (ou seja, o processo pelo qual o organismo transforma a substância da droga em algo útil ao tratamento da doença); e a terceira é a excreção. Para diminuir a posologia de um determinado medicamento, é preciso alterar a velocidade com a qual ocorre uma dessas três fases. Ou até mais de uma, ao mesmo tempo. A lógica usada é: quanto mais rápido tudo isso acontecer, mais medicamento será necessário tomar.
Por isso, um dos principais desafios da indústria farmacêutica está exatamente em reduzir essa velocidade, criando mecanismos chamados de slow release (liberação lenta). Um deles é o chamado OROS (Osmotic-controlled Release Oral Delivery System, ou "sistema de liberação oral controlado por osmose"), já usado em várias drogas. "Esse mecanismo torna possível uma diminuição no número vezes que é preciso tomar o medicamento e ajuda a manter os níveis da droga no sangue mais estáveis", explica Eliana Benedictis, gerente médica do laboratório Janssen-Cilag Farmacêutica, que desenvolveu o sistema.
Além de mexer na estrutura da cápsula, como é o caso do OROS, há outras técnicas para aumentar o tempo de liberação da droga. "Já é possível desenvolver, por exemplo, substâncias que façam parte do medicamento e que tenham afinidade com proteínas do sangue. Assim, a droga fica mais tempo na corrente sanguínea", explica Karen de Marca, endocrinologista, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Há ainda a possibilidade de criar princípios ativos que, além de eficientes no tratamento de doenças, consigam se agarrar às células da parte do corpo onde irão atuar.
Vejamos alguns exemplos:
Indicação: tratamento de asma alérgica, moderada ou grave
Princípio Ativo: omalizumabe (Xolair®, da novartis)
Posologia: injeção subcutânea, uma vez por semana, ou a cada 15 dias
Indicação: tratamento de esquizofrenia
Princípio Ativo: risperidona (risperdal Consta®, da Janssen-Cilag)
Posologia: injeções, a cada 15 dias
Indicação: tratamento da psoríase moderada ou grave
Princípio Ativo: ustequinumabe (stelara®, da Janssen-Cilag)
Posologia: injeção, quatro vezes por ano
Indicação: prevenção de osteoporose e fratura pós-menopausa
Princípio Ativo: ibandronato de sódio (Bonviva®, da roche)
Posologia: uma cápsula por mês
Indicação: tratamento do transtorno do déficit de atenção e hiperatividade (TdaH), e da narcolepsia
Princípio Ativo: metilfenidato (Concerta® oros, da Janssen-Cilag)
Posologia: uma cápsula por dia
Indicação: tratamento da osteoporose
Princípio Ativo: ácido zoledrônico (aclasta®, da novartis)
Posologia: injeção anual
Indicação: tratamento de tumores produtores de prolactina
Princípio Ativo: cabergolina (Dostinex®, da Pfizer)
Posologia: uma cápsula por dia, ou duas por semana, dependendo do caso
Fonte: Blog da Farmacêutica Curiosa