O mercado dos medicamentos que não exigem prescrição médica é o novo alvo de crescimento das farmacêuticas na América Latina, e o Brasil tem concentrado as estratégias destas empresas na região. Movimentando cerca de R$ 14 bilhões no país, as vendas do segmento dos remédios também conhecidos como MIPs (ou OTC, na sigla em inglês) nas farmácias cresceu 20% nos doze meses até fevereiro, segundo dados da consultoria especializada IMS Health. Dominado pelos antigripais, analgésicos, multivitamínicos, este mercado se consolida e tem se voltado para fusões e aquisições, com as companhias buscando formas de aproveitar seu potencial de crescimento.
Na América Latina, os medicamentos isentos de prescrição movimentam R$ 27 bilhões e têm alavancado o crescimento de seis das dez maiores empresas da indústria farmacêutica atuantes na região. Na Sanofi, EMS, Pfizer, Bayer, MSD e na Roemmers os MIPs crescem mais do que o de medicamentos de referência, que exigem prescrição médica do consumidor na hora da compra na farmácia. O aumento da renda da população e o maior conhecimento sobre os produtos são fatores que guiam estes números.
Na região, o Brasil se destaca não somente por já representar quase metade de todas as vendas da América Latina, mas pelo potencial de crescimento. A Associação Brasileira da Indústria de Medicamentos Isentos de Prescrição (Abimip) estima alta de 12% para o segmento neste ano.
"As farmacêuticas estão querendo ampliar sua presença em medicamentos isentos de prescrição, pois o segmento está em uma fase em que cresce o tamanho da pizza: não somente as empresas roubam espaço umas das outras, mas o setor avança como um todo", afirmou Laís Gouveia Rosin, diretora da unidade de negócios MIPs da japonesa Takeda.
Dos dez medicamentos líderes em vendas do mercado brasileiro, quatro são isentos de prescrição. Duas marcas do ranking são da Takeda. O analgésico Neosaldina está classificado como o sexto remédio mais vendido do país, enquanto o antigripal Multigripe - fruto da aquisição do laboratório nacional Multilab em 2012 - está na nona colocação no ranking da IMS.
Além do Neosaldina e do Multigrip, a empresa está investindo na promoção do Eparema (contra má digestão) e do Nebacetin (pomada contra infecções na pele), que compõem as quatro principais marcas do grupo no país. Segundo Laís, a meta do laboratório agora é trazer lançamentos para o mercado brasileiro e reforçar a marca Multigrip no Sudeste, onde o medicamento tem menor penetração, quando comparada com a das regiões sul e nordeste.
Com outras marcas consolidadas, como o analgésico Novalgina, o desafio da empresa agora é se expandir para áreas em que ainda não está presente, como os antigripais e as vitaminas e suplementos. "Temos sucesso no crescimento orgânico, que é nossa prioridade, mas olhamos de maneira seletiva possíveis aquisições", afirmou Fábio Barone, diretor da unidade de saúde do consumidor da Sanofi. "MIPs é um dos principais pilares de crescimento da empresa, e o Brasil é o mercado mais importante da América Latina", afirmou.
"Este mercado é pulverizado. Fusões e aquisições fazem parte deste ambiente competitivo", afirmou Marli Martins Sileci, vice-presidente executiva Abimip. Atualmente, o Brasil tem cerca de 200 empresas atuando em medicamentos isentos de prescrição.
Fonte: Medley Indústria Farmacêutica LTDA