Investigadores espanhóis identificaram duas possíveis vias de tratamento da psoríase que são baseadas em compostos já existentes e que apresentam poucos efeitos secundários, dão conta os estudos publicados nas revistas "Immunity" e "Science Translational Medicine".
A psoríase, que atinge cerca de 3% da população em todo o mundo e para a qual ainda não existe cura, é uma doença da pele que pode afetar gravemente a qualidade de vidas dos pacientes. O desenvolvimento da última geração de fármacos, denominada por terapia biológica, foi um grande avanço, mas esta só pode ser aplicada por períodos limitados de tempo devidos aos seus efeitos secundários graves, que podem originar outras formas de psoríase ou até causar tuberculose ou leucemia.
Foi neste contexto que os investigadores do Centro Nacional de Investigaciones Oncológicas, em Espanha, tentaram encontrar novas alternativas de tratamentos eficazes e não tóxicos. No primeiro estudo publicado na revista "Immunity" os investigadores demonstraram que os sintomas desta doença poderiam desparecer através da deleção de uma proteína conhecida por S100A9. No outro estudo, publicado da "Science Translational Medicine", foi demonstrado que a inibição do micro ARN não-codificante, o miR-21, melhorava os sintomas da doença.
De acordo com os investigadores, já foram descritos centenas de genes associados com a psoríase, mas poucos são capazes de causar doença. "Agora descobrimos dois novos genes/proteínas que se encontram em níveis aumentados na psoríase e que desempenham um papel causal na doença", revelou, em comunicado de imprensa, um dos autores do último estudo, Juan Guinea-Viniegra.[p] No primeiro estudo, os investigadores identificaram, em 19 amostras obtidas de indivíduos com psoríase, 1217 proteínas, 214 das quais apresentavam-se em quantidades diferentes na pele dos indivíduos com doença e nos indivíduos saudáveis. Foi verificado que o complexo proteico S100A8-S100A9 era muito mais abundante na psoríase. Posteriormente, foi desenvolvido um modelo de ratinho para o estudo da doença no qual esta proteína não era expressa, tendo-se verificado que os sintomas tinham desaparecido. A boa notícia é que já existe um fármaco que tem por alvo a S100A9 e que poderá assim também ser eficaz na psoríase.
No segundo estudo, os investigadores exploraram outro nível de complexidade do genoma codificado por informação armazenada no ADN, micro ARN. Estes são pequenos fragmentos de ácidos nucleicos que não são traduzidos em proteínas, mas que podem regular a expressão de outros genes. Já era sabido que o miR-21 era mas abundante na pele dos indivíduos psoriáticos, comparativamente com a pele dos indivíduos saudáveis. Neste estudo, os investigadores inibiram o miR-21 num modelo animal e verificaram que os sintomas desapareceram num curto espaço de tempo, sem nenhum efeito secundário aparente.Posteriormente, foram transplantadas amostras de pele de pacientes em ratinho, tendo as lesões sido tratadas localmente com um composto capaz de inibir o miR-21."Os resultados foram muito positivos e encorajadores, sendo que esta seria uma forma completamente inovadora de tratar a psoríase", conclui Juan Guinea-Viniegra.
Fonte: ALERT Life Sciences Computing, S.A.