Medicamentos analgésicos usados por milhões de pessoas diariamente têm sido associados a um maior risco de arritmia cardíaca, o que poderia provocar um acidente vascular cerebral. A chance extra de desenvolver a fibrilação atrial é de 84%, afirmam pesquisadores holandeses. A arritmia é uma das principais causas de AVC, pois as câmaras superiores do coração ficam fora de um ritmo regular e batem muito mais rápido do que o normal, o que faz com que o sangue se acumule e forme um coágulo. No Brasil milhões de pessoas com artrite tomam analgésicos, incluindo anti-inflamatórios, como o diclofenaco e o ibuprofeno.
No estudo, a saúde cardíaca de 8.423 pessoas, com idade de 55 anos ou mais, foi monitorada desde 1990, em Roterdã, Holanda. Os casos de fibrilação atrial foram diagnosticados usando gravações rítmicas do coração, enquanto os detalhes dos medicamentos prescritos foram recolhidos em farmácias. Durante o período de acompanhamento médio de pouco menos de 13 anos, 857 participantes desenvolveram fibrilação atrial. Destes, 261 nunca tinham usado anti-inflamatórios quando foram diagnosticados, enquanto 554 já haviam usado, e 42 estavam ingerindo estes medicamentos no momento da pesquisa. O uso atual foi associado a 76% de maior risco de fibrilação atrial do que para aqueles que nunca haviam tomado analgésicos. Idade, sexo e problemas cardíacos subjacentes foram levados em conta.
Percebe-se que os anti-inflamatórios podem contribuir para problemas de ritmo cardíaco pelo aumento da pressão arterial como um resultado da retenção de líquidos. Bruno Stricker, do Centro Médico Erasmus, em Roterdã, disse que a pesquisa anterior tinha mostrado uma ligação entre fibrilação atrial e esses analgésicos. "Nossos resultados também sugerem que o aumento do risco ocorre logo após o início do tratamento e podem desaparecer ao longo do tempo", acrescentou. "Apesar dos anti-inflamatórios não serem muito eficazes para o tratamento da dor, é importante que ambos os riscos e benefícios sejam considerados cuidadosamente antes de serem prescritos". Só no Reino Unido, no ano de 2010, mais de 17 milhões de prescrições foram emitidas para analgésicos.
O ibuprofeno pode ser comprado com farmacêuticos e em supermercados, além de comprimidos contendo diclofenaco em doses muito mais baixas do que na prescrição. Cerca de dez anos atrás, a droga anti-artrite Vioxx foi tirada do mercado por conta do aumento do risco de ataques cardíacos e derrames. A pesquisa, publicada na revista médica The Lancet, descobriu que o naproxeno foi o analgésico mais seguro. Os pesquisadores analisaram também que as doses de analgésicos prescritos pelos médicos equivalem ao dobro da quantidade diária recomendada para dores de cabeça e outros males menores.
Fonte: Jornal Ciência