O transtorno de ansiedade é, atualmente, um dos distúrbios psiquiátricos de maior incidência. Ainda que a causa do problema não seja completamente conhecida, acredita-se que o transtorno de ansiedade possui relação com o desequilíbrio de neurosubstâncias que induzem o humor e as sensações.

Além de acompanhamento psicológico, o uso do remédio para ansiedade, prescrito devidamente pelo psiquiatra, reduz bastante os sintomas do transtorno, ensina o cérebro a se controlar e ainda devolve a qualidade de vida para o paciente.

Os medicamentos para ansiedade e depressão agem por meio da inibição da receptação, ou seja, da degradação de substâncias liberadas pelos neurônios, tais como a serotonina, noradrenalina e dopamina. Assim, os medicamentos aumentam o tempo de ação dessas substâncias e com isso promovem o efeito de bem-estar e tranquilidade. Os medicamentos também reeducam o organismo, ensinando-o a liberar neurotransmissores nas quantidades corretas para manter os níveis de excitação do indivíduo normais. Mas será que esses medicamentos viciam?

Alguns remédios para ansiedade podem gerar um efeito chamado "tolerância", onde acontece a amenização das melhorias causadas pelos compostos, e quanto maior o tempo de consumo desses remédios, mais o organismo se torna resistente e, por consequência, maior é a necessidade de aumentar a dose do medicamento para que os efeitos do mesmo sejam mantidos. Os antidepressivos também provocam tolerância, mas apenas em casos raros.

Segundo o psiquiatra Antônio Geraldo da Silva, superintendente técnico da ABP, ainda que haja efeitos colaterais no consumo de antidepressivos e ansiolíticos, esses medicamentos não viciam. Já a assessora técnica do CRF-SP, Amouni Mourad, esses compostos podem causar vício sim, principalmente em casos de muito tempo de uso. Ela sita ainda o exemplo de pessoas que só conseguem dormir quando fazem uso de ansiolíticos e que acabam se apoiando no medicamento ao invés de tratarem o transtorno.

Uma solução para o problema, ainda segundo Mourad, é a diminuição gradual da dose do remédio, e forma orientada pelo médico, o que popularmente é conhecido como "desmame".

Uma terceira opinião sobre o assunto é a de Edmar Miioshi, farmacêutico especialista em medicamentos que atuam no sistema nervoso central. Segundo ele, o fato de que antidepressivos viciam é um mito, e essa impressão é gerada também porque alguns pacientes, por terem casos muito graves de depressão, precisam manter o uso da medicação por anos. Contudo, Miioshi afirma que, diferente dos antidepressivos, os ansiolíticos causam dependência.

O especialista em dependência química, Dagoberto Hungria Requião, explica que "Os antidepressivos não deprimem a atividade cerebral e não agem na mesma região que os ansiolíticos. "Não existe risco de alguém ficar viciado em antidepressivo, o que existe é o preconceito contra as medicações de uso psiquiátrico em geral".

Diante da divergência de opiniões sobre o assunto, ainda não se chega a uma conclusão em consenso. E você, farmacêutico, o que acha sobre o assunto?


Fontes de conteúdo: Vix, Gazeta do Povo
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