A aspirina hoje é tão popular que não há países em que o remédio seja desconhecido, negligenciado ou indisponível. Muitos imaginam que seu inventor foi um gênio e sua descoberta completamente fundamental, já que o comprimido, além de aliviar a dor, previne ataques cardíacos e possivelmente câncer. O que poucos sabem, no entanto, é que os seres humanos já utilizavam o equivalente natural da aspirina há milhares de anos.

O medicamento é feito a partir de um ingrediente-chave chamado ácido salicílico, que também pode ser encontrado em jasmim, feijões, ervilhas, trevos e certas gramíneas e árvores. Os antigos egípcios, inclusive, já usavam a casca do salgueiro como um remédio para a dor, ainda que não soubessem que o que estava reduzindo a temperatura corporal e a inflamação era o ácido salicílico presente.

Foi preciso milhares de anos até que as pessoas começassem a isolar os principais ingredientes da aspirina. Edward Stone, um clérigo do século XVIII, praticamente descobriu a aspirina quando escreveu um relatório sobre a preparação de um pó de casca de salgueiro que parecia beneficiar 50 pacientes com malária e outras doenças.

Em 1800, pesquisadores de toda a Europa exploraram o ácido salicílico. Em 1829, o farmacêutico francês Henri Leroux conseguiu, por fim, isolar a substância. Em 1874, foi descoberto o ácido salicílico sintético, mas, quando foi administrado em grandes doses, os pacientes apresentaram náuseas e vômitos, e em alguns casos mais graves entraram em coma.

A aspirina como conhecemos, contudo, surgiu apenas no final de 1890, na forma de ácido acetilsalicílico, quando o químico alemão Feliz Hoffmann a usou para aliviar o reumatismo de seu pai. A droga se popularizou em 1915, e começou a ser vendida em forma de comprimidos.

Alexei Romanov Nicholaevich, da Rússia, era filho do último czar e possuía hemofilia. Ele foi medicado com aspirina sem que se soubesse na época que o medicamento tornaria o sangramento desta desordem pior. Ele melhorou seu quadro, possivelmente, apenas porque o místico Grigori Rasputin aconselhou sua mãe a parar com tratamentos modernos e recorrer à cura espiritual. A influência de Rasputin sobre a família Romanov pode ter contribuído para a revolta contra ela, tornando a aspirina um possível culpado nos assassinatos e no fim da Rússia czarista.

O uso da aspirina em pacientes cardíacos teve início em 1948, quando o médico americano Lawrence Craven a recomendou como forma de reduzir o risco de ataque cardíaco, com base na observação de seus pacientes. Em 1982 pesquisadores receberam um Prêmio Nobel por demonstrarem a razão disso: "a aspirina inibe a produção de hormônios chamados prostaglandinas. Prostaglandinas são responsáveis pela formação de coágulos que levam a ataques cardíacos e derrames cerebrais, e a aspirina impede a coagulação. "

Hoje a aspirina já é universalmente reconhecida como preventiva de ataque cardíaco em homens que já passaram pelo problema, e benéfica contra derrame em mulheres.

Recentemente um estudo também demonstrou que uma aspirina por dia parecia reduzir o risco de câncer em pelo menos 20% em um período de 20 anos. Mas isso ainda não foi completamente comprovado.

"Ainda assim, a aspirina não é necessariamente o analgésico mais usado. Em 2007, analgésicos como Advil, Tylenol e Aleve estavam entre os cinco principais analgésicos vendidos; a aspirina não. Segundo médicos, quando a pessoa está sofrendo muito, precisa de um analgésico mais forte. Na maioria dos casos, uma aspirina infantil por dia não faz ninguém se sentir melhor ou pior. "

A aspirina sem dúvidas tem seus benefícios, no entanto é preciso também ter em mente suas desvantagens, como o fato de que seus efeitos como analgésico são potentes, mas de curta duração. Além disso, ela pode causar úlceras, que podem ser especialmente prejudiciais em combinação com a diminuição da coagulação.

É importante lembrar que nenhum paciente deve consumir o medicamento sem consultar um médico. Alguns suplementos, tais como óleo de peixe e alho, podem causar problemas de sangramento em combinação com aspirina. A aspirina não é aprovada para crianças menores de 2 anos, e deve ser usada com precaução em pessoas muito jovens por causa de uma possível ligação com a síndrome de Reye.

Ainda assim, é possível que a aspirina ainda tenha mais benefícios ainda não descobertos.


Fonte de conteúdo: Hypescience

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