Recentemente verificamos o renascimento da imunoterapia como tratamento do câncer e, além disso, novos conhecimentos sobre o controle de nossas defesas naturais e dos mecanismos utilizados pelos tumores para suplantá-las permitiram o surgimento de tratamentos inovadores que têm demonstrado resultados animadores. "Já temos comprovação de benefício em melanomas, tumores de pulmão e rins. A lista de potenciais alvos cresce diariamente".

Embora as boas notícias devam ser comemoradas por todos, não podemos deixar de observar um problema relacionado a esses tratamentos: o impacto financeiro gerado por eles.

Esse tipo de terapia pode chegar facilmente a um custo de centenas de milhares de reais por ano e, à medida que suas indicações aumentam, maior é o impacto nas fontes pagadoras, sejam privadas ou públicas.

É importante salientar que o preço de um medicamento é muito difícil de ser calculado, já que depende dos investimentos em pesquisa, custo de produção, tempo de patente, impostos e expectativas de mercado. Afinal, as indústrias farmacêuticas são empreendimentos privados, que fazem investimentos muito altos e arriscados para desenvolverem novos produtos e procuram lucro. Porém, um número maior de indicações, ou seja, de pacientes candidatos ao mesmo tratamento também deveria ser levado em consideração na precificação.

"Hoje em dia, o custo destes tratamentos mais novos está sendo um ponto de difícil solução para seu uso em uma grande população de pacientes. Isso não afeta só o Brasil, mas outros países com economia mais desenvolvida que a nossa. Exatamente diante desse impasse, que é de suma importância, que nossos sistemas de regulação de pesquisa sejam aprimorados, modernizados, acompanhando tudo de novo que a ciência traz constantemente.

Diante disso, mais pacientes teriam chances de participar de estudos clínicos com as novas medicações promissoras e, além disso, seria uma maneira de estimular as indústrias farmacêuticas brasileiras a participarem de forma mais ativa na busca de tratamentos da doença.

Deve-se considerar também algumas limitações sobre a imunoterapia, já que não se trata de um tratamento com produtos milagrosos, e nem todos os pacientes com um determinado câncer responderão ao tratamento. Assim, em algumas situações o benefício é mínimo e não justifica seu uso. "Portanto, grandes esforços devem ser feitos para a identificação mais acurada possível dos pacientes que efetivamente podem se beneficiar deste tipo de terapia, poupando os que não responderiam do custo e dos efeitos colaterais".

Segundo Paulo Hoff, chefe de oncologia do Hospital Sírio-Libanês e diretor do Instituto do Câncer de São Paulo, em artigo para a revista veja, "cabe aos médicos também a obrigação de educar os pacientes e familiares sobre as limitações do tratamento e, evitarmos assim, a indicação sem uma base científica. Um tratamento com este custo tem que ser muito bem indicado".


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